Inês Pedro Fernandes's profile

Fora D'Horas com Francisco Van Dijk

 «Trabalho e sempre trabalhei pela causa. Não consigo não ajudar. Sou feliz assim»

 
No novo episódio do Fora D’Horas, a DMTV esteve à conversa com Francisco Van Dijk, fundador da DogLand, uma escola de treino e ATL canino que existe desde 2013.
Claro que a conversa foi, maioritariamente, sobre cães e a companhia deles não podia faltar! Eram oito...alguns a brincar, outros a descansar e a mais sortuda, a Bifana, esteve uma boa parte do tempo envolvida nos meus braços e, quando se cansou do mimo, passou para o colo do Francisco.
Por aqui, dá para ver que foi uma conversa cheia de amor. O Francisco era o caçula da família, uma criança hiperativa e um aluno traquina. Sempre gostou de desportos radicais e de tudo que lhe criasse adrenalina. É o mais novo de dois irmãos, sempre teve uma ligação bastante forte com a família, tanto com os de casa como com os restantes membros.
Desde tenra idade que expressou a sua paixão pelos animais, nasceu com cães em casa e diz que sempre tentou ensiná-los e educá-los.
Não havia tutoriais nem redes sociais, Francisco seguia-se apenas pelos seus instintos e pelo que achava ser correto.
Na adolescência, com cerca de 18 anos, passou a ser conhecido pelo jovem que ia para todo o lado acompanhado por um patudo, inicialmente a sua lavradora preta. Começou a levar esta paixão para uma vertente mais profissional quando adotou a pastora alemã e não a quis como um habitual cão de guarda, mas sim de companhia. Aí decidiu começar a treiná-la e a passeá-la em conjunto com os cães dos seus amigos.

No meio das nossas caminhadas para o monte, comecei a achar que aquilo era uma necessidade.

Foi assim surgindo a ideia de que aquilo era uma necessidade para os animais que, em vez de ficaram fechados em casa enquanto os donos estavam a trabalham, podiam estar a conviver com outros amigos de quatro patas.
Em 2013, nasceu a DogLand. Com muitos receios, sem certezas de que iriam aparecer famílias interessadas neste tipo de serviço, o treinador depositou tudo neste que era o seu sonho.
Não existia no país nada deste género e a área em que o Francisco se tinha licenciado era marketing, caminho que, aos olhos dos seus pais, era o ideal a seguir.
Faltou apoio familiar, foi visto como um “maluquinho” que, mais uma vez, queria sair do que era supostamente correto, mas nunca lhe passou pela cabeça desistir e, por isso, com a ajuda do seu melhor amigo conseguiu abrir um pequeno ATL.

Sou educador em todo o lado... em casa com o meu filho, na rua quando vejo um cão. Sou mesmo muito consistente.

Hoje em dia, com 34 anos, pai do Guilherme, esposo da Carla e ainda dono de quatro patudos, Francisco diz ser completamente feliz com o que tem e com o que faz a nível profissional.
Com um filho de quatro meses, considera-se um pai tranquilo e que transmite essa sensação para o bebé, afirmando-se como um pai consistente na educação.

Nós somos mesmo uma boa equipa e sem elas eu não era tão bom profissional.

A DogLand nos dias de hoje está situada numa grande quinta e conta com uma equipa de quatro pessoas empenhadas, dedicadas e apaixonadas por cada um dos companheiros que ali passa.
Enquanto profissional, considera-se muito observador e exigente com o seu próprio trabalho e, como afirmou anteriormente, acredita que a consistência na educação é a base para conseguir os resultados que pretende. Para si, há um valor que sempre o acompanhou e irá acompanhar no resto do seu percurso: trabalhar pela causa de ajudar e de melhorar a vida tanto das famílias como dos seus patudos.

Trabalho e sempre trabalhei pela causa. Eu não consigo não ajudar.

Questionado sobre a mudança que houve na forma de olhar para cães desde que criou a sua escola, Francisco afirma que a sociedade passou do 8 para o 80. Inicialmente, os animais eram quase que deixados ao abandono, hoje em dia são tratados como pessoas.
Neste momento e devido a isso, o treinador afirma que a maior parte dos problemas que lhe batem à porta são relacionados com a excitação, com a falta de limites e com a inexistência do “não”. Os donos dão sempre uma justificação para o mau comportamento do cachorro e, a partir desse momento, o problema já está nas pessoas. Portanto, considera que é importante educar desde cedo as crianças e os jovens para que, daqui a uns anos, estes consigam ensinar corretamente os seus animais.

Não sei se não estamos mais atrasados do que alguma vez estivemos para conseguirmos uma sociedade cívica de cães.

Apesar de o seu negócio ser direcionado para o treino e ATL animal, abordamos também o tema do abandono e, foi aí que Francisco se emocionou.
Não lhe é possível ficar indiferente ao que se atravessa no seu caminho e afirma, de forma descontente, que atual mente, com a crise, a taxa de abandono animal está cada vez maior.
«Eu tento ser frio áquilo que não passa pelos meus olhos, mas ao que me aparece à frente, como esta menina que tenho aqui no meu colo, não consigo. Eu tive de a salvar e a este menino também. Agora, são meus», conta-nos.

O Francisco é uma figura dura para quem não o conhece, mas no fundo é um coração mole. E muito feliz, aqui.

Quem é então o Francisco, hoje? Questionamos, seguindo-se um silêncio emotivo de alguns segundos.
«O Francisco hoje é alguém que tem sempre um papel e uma responsabilidade na humanidade. E esta responsabilidade está ligada aqui a eles», confessa. E, para isto, afirma que é preciso uma sociedade de coração mais aberto, que ajude e que se dedique à causa.
No seu ramo, vê-se como alguém que além de profissional, é também humano. Defende que não se pode encarar o trabalho apenas como um serviço pago, mas sim com dedicação e com amor. Só assim, lhe faz sentido.

Fora D'Horas com Francisco Van Dijk
Published:

Owner

Fora D'Horas com Francisco Van Dijk

Published: